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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Medidas contra os trabalhadores gregos podem se estender a outros países

5 de junho de 2010
Texto Denise Simeão

O estouro da bolha financeira e a crise da dívida pública na Grécia reforçaram a opção do governo daquele país pelo ajuste sobre os direitos sociais e trabalhistas. Com dados contundentes, o representante da Federação dos Servidores Públicos da Grécia, Sotiris Martalis, retratou a situação que já provocou quatro greves gerais no país.

Martalis faz parte da delegação internacional, com representação de 26 países, que acompanha o Congresso da Classe Trabalhadora. Segundo ele, a dívida pública grega chega a 300 bilhões de euros e, desde o início da crise financeira mundial, o governo já gastou 38 bilhões de euros para salvar instituições financeiras.

Para manter o serviço de pagamento da dívida, o governo grego desferiu um conjunto de ataques muito duros contra os trabalhadores. Num primeiro momento, reduziu os salários em 8% e cortou boa parte dos benefícios, entre eles, o 13º e 14º salários. Neste mesmo período, aumentou o preço dos combustíveis. O passo seguinte foi um corte maior nos benefícios e um aumento de 19% para 21% as alíquotas de impostos sobre produtos básicos, incluindo alimentação. Ao mesmo tempo, congelou a contratação nos serviços públicos. Segundo Martalis, o governo ameaça agora votar no fim do mês uma nova lei para os aposentados. Por essa lei, o trabalhador deixa de receber os 70% salário a que tinha direito ao se aposentar para receber somente metade.

Como já foi repercutido na imprensa, a resistência a tais medidas foi grande. A greve geral de 5 de maio, por exemplo, colocou 500 mil pessoas nas ruas. A adesão foi ampla, ainda mais se consideramos que a Grécia possui 2 milhões e 500 mil trabalhadores. Mas Sotiris Martalis alerta que essa luta precisa de solidariedade internacional, pois a derrota dos trabalhadores gregos significa o fortalecimento da aplicação do ajuste sobre trabalhadores também em outros países. “Não se trata de um problema grego, é uma política em escala mundial”, afirmou.


Denise Simeão

Fonte: http://www.congressodaclassetrabalhadora.org